Um vírus maligno

{12/07/2009} O ano de 2009 transcorria ‘normalmente’ quando surgiu o pequeno alerta de morte humana causada por um vírus transmitido por suínos. Apenas alguns minutos no noticiário. A aceleração dos acontecimentos na vida das pessoas impediu a grande maioria de perceber a anormalidade na vida diária: uma grande dificuldade de lidar com o tempo. Por mais esforço que se fizesse parece que não havia tempo para as tarefas diárias, o lazer, acompanhar o crescimento dos filhos, estudar, ou para os hábitos mais simples como ler, ouvir música, conversar.

O esforço era dobrado, tanto para o trabalho como para a vida diária, ninguém conseguia usar plenamente as informações e conhecimento disponíveis, os bens que adquiriam, as férias, os dias de quietude. A humanidade estava gravemente contaminada pelo vírus do consumo, tão letal quanto o dos porcos, e mais devastador do que muitos imaginavam. O assunto era tratado como ‘mais um tema’ de variedades, e poucos percebiam o quanto o desejo de ter ceifava vidas, mais rápido e fulminante que os vírus que atacavam o físico: este atacava a alma, diretamente. Para ‘ter o poder de ter’ o homem não media esforços, não parava a máquina, não se detinha diante de nada. Nem do perigo da perda da própria possibilidade de eternidade O deus-dinheiro jogava suas cartas. {Crônica 096}

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