Voluntariado virtual

{14/11/2010} O que poderia mudar? Perguntavam-se todos. Enquanto os cientistas catastrofistas apontavam possibilidades de degelo e tsunamis iminentes, os otimistas diziam que o homem se adapta a tudo e se une em tempos difíceis. Mas como haver união se poucos abriam mão de seu tempo para avançar?

Em meio aos desafios do século as populações continuavam em marcha, programadas e emersas até os ossos na prática diária da sobrevivência. E, cada vez mais, acabrunhada com os escândalos - pesadelo cotidiano. Corrupção, corrupção, corrupção, parecia não ter fim, e que jamais o homem se livraria dela. As pessoas com 60, 70 anos, mais conscientes, apesar do vigor físico conquistado pelos avanços trazidos com a melhoria de vida, carregavam a vergonha de não ter conseguido controlar essa praga trazida no bojo do egoísmo e ganância de seus contemporâneos.

O clima continuou realmente castigando as gentes de um hemisfério a outro. Discutia-se a possibilidade de adaptação da espécie ao calor, ao frio, aos transtornos climáticos do planeta. E teve início a contabilização do uso da água em cada país, primeiro na forma de estatísticas normais de consumo, depois como um alerta que evidenciava a premente necessidade de racionamento. Água e fogo, em rebelião, por todos os lados. Natureza em chamas, tempestades avassaladoras, destruição de cidades e colheitas. Enchentes e devastação. Em meio a isto, mais alienação nas comunicações, nos noticiários.

Enquanto isso, a caridade e a solidariedade começaram a se transportar para o mundo virtual; com um clic se transferiam centavos ou milhões para instituições que poderiam preservar florestas ou salvar crianças da desnutrição. As pessoas queriam contribuir com ação, mas seu tempo estava tomado, e o único jeito era delegar poder a outros para que fizessem algo. Mas será que era suficiente? O que mantinha os homens e mulheres de boa vontade prisioneiros? {Crônica 061}

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